Coaching num contexto de gestão de projetos

Consultores Cegos

O coaching é uma ferramenta de gestão muito eficaz, mas, no entanto, conheço poucos gestores de projetos que adotam um estilo de coaching ao liderar a sua equipa.

Coaching num contexto de gestão de projetos

A realidade é que muitos gestores de projetos não entendem o coaching e a grande maioria não teve qualquer formação na área. É necessário tempo e prática para melhorar as suas capacidades de coaching, mas quanto mais progredir, mais fácil será a gestão dos processos. As recompensas para o coach passam a ser a capacidade de conseguir mais através de outros (delegar) e trazer valor acrescentado ao negócio.

De acordo com Tim Gallwey no The Inner Game of Tennis, 1997, o coaching desbloqueia o potencial de uma pessoa de forma a maximizar o seu próprio desempenho. Ou seja, ajuda-o a aprender, em vez de o ensinar.

A partir deste ponto de vista, podemos considerar dois estilos de liderança, o diretivo e o não-diretivo:

  • A liderança diretiva consiste em dizer ao individuo o que precisa de fazer e como fazê-lo. O líder oferece soluções, ferramentas e técnicas para avançar. Esta estratégia é frequentemente utilizada quando existe um prazo importante, durante uma crise ou quando há um risco comercial significativo. Existe a possibilidade dos restantes elementos da equipa não se sentirem totalmente comprometidas com a solução fornecida pelo gestor do projeto.
  • A liderança não diretiva é quando o líder coloca questões a fim de ajudar as pessoas a encontrarem as suas próprias respostas. Esta metodologia contribuí para que os recursos possam analisar a situação sob diferentes perspetivas e traçar uma estratégia acerca do que é necessário de ser feito. O individuo é encorajado a desenvolver as suas competências e conhecimento enquanto está a executar as suas tarefas. Esta metodologia é utilizada com equipas de alto desempenho e recursos profissionalmente ambiciosos contribuindo para melhorar o seu crescimento e desenvolvimento pessoal.

Os benefícios do coaching num contexto de gestão de projetos são significativos, porque:

  • O coaching incentiva os membros da equipa a pensarem por si mesmos, o que gera um sentimento de capacitação. Desta forma, o gestor de projeto passa a ter uma maior confiança nas suas ações e decisões, que permitem pensar por si evitando uma dependência permanente e recorrente das suas chefias ou pares.
  • O coaching permite diversidade e garante que a equipa obtenha resultados por si própria, o que geralmente é mais eficaz do que se limitarem a seguir o caminho definido pelo gestor do projeto.
  • O coaching permite minimizar os problemas subjacentes à falta de competência. Por exemplo, deve desafiar os membros da sua equipa a pensarem sobre um problema e apresentarem soluções de resolução. Caso não respondam de forma razoável, vai ser possível questionar, porquê? Será que precisam de ganhar mais know-how ou existe a necessidade de trabalhar alguma ferramenta de desenvolvimento pessoal para poder encontrar as respostas?

Muitos dos gestores de projeto que são bons coaches, geralmente mudam o seu estilo de liderança quando estão sob pressão - quando os prazos são apertados, por exemplo. Nessas situações, muitos gestores de projeto agem em vez de fazer perguntas. Vão utilizar uma linguagem diretiva como "Faça isso ... faça aquilo" ou "Deixe-me dizer-lhe como deve tratar esse problema". Assim que a pressão é reduzida, os gestores de projetos geralmente retomam a um estilo de liderança mais construtivo, sabendo que a longo prazo se recorrerem ao coaching em vez de executarem por eles, todos serão beneficiados.

Na prática, é uma questão de equilíbrio e o coaching pode ser contraproducente se utilizado em excesso.

Existem alguns episódios de indivíduos recém-chegados ao coaching e que cometeram esse erro. Se o coaching é o único método utilizado durante o processo de comunicação com a equipa, começa a ser frustrante para o coachee (a pessoa que está a receber o coaching), o que pode ser contraproducente. A boa notícia é que quanto mais praticar um estilo de coaching enquanto gestor de projeto, mais fácil será saber qual é o adequado, como deve ser integrado na interação com as equipas e com elementos. Mesmo para bons coaches, em situações de pressão, pode ser excessivamente desafiador não "dizer" em vez de "pedir".

Mas cuidado: só é possível aplicar o coaching a indivíduos que o aceitam voluntariamente. Se estes quiserem progredir e acreditar que têm espaço para melhorar. Sir John Whitmore, pioneiro no desenvolvimento de liderança e coaching, expressou sucintamente, a menos que o líder, o diretor ou o coach acreditem que as pessoas têm mais capacidade do que aquilo que realmente demonstram, não vai ser possível ajudá-las a trazer essa mais valia para o seu dia a dia. Devemos pensar nas pessoas no seu verdadeiro potencial e não ter apenas em consideração o contexto associado ao seu desempenho histórico.

Praticar o coaching com a equipa de projeto, especialmente se foi sujeito recentemente a um processo formativo e ainda existe uma natural inexperiência, vai contribuir para vir a desenvolver um projeto de sucesso. Recomendo coaching a qualquer gestor de projeto.


Autor:Alfonso Camón Bressel

Escrito por

Consultores Cegos

Saiba mais