Condições para pensar e desenvolver equipas extraordinárias

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

Se fizer uma pesquisa por "trabalho em equipa",não vai mais encontrar argumentos sobre a importância das equipas. Em vezdisso, vai aceder a inúmeros conteúdos sobre temas como "otimizar aperformance individual não é suficiente","as equipas são oalicerce do sucesso organizacional" ou ainda "as equipas comomotor de transformação da produtividade", assim como "os 9 (5ou 10) segredos para um grande trabalho em equipa".

Se está a ler este artigo, provavelmente concorda com a ideia de que as grandes equipas podem efetivamente mudar o mundo para melhor, e que precisamos de práticas inteligentes, eficazes e confiáveis para construir e manter grandes equipas. Acredito que existem metodologias cientificamente testadas que podem orientar estas práticas, e quero ajudar a construir a disciplina e o mindset que nos permitirão a todos nós, que nos preocupamos com as equipas, alinhar o melhor das nossas competências com a ciência da melhor forma possível. Porém, é comum sentirmo-nos frustrados com alguns estudos que fazem grandes reivindicações a favor de modelos simples de causa-efeito e checklists que misturam características de design de alto impacto de equipas com dinâmicas de equipas emergentes que não são passíveis de intervenção.

 

 

Alguns destes conselhos parecem obviamente úteis à primeiravista: se os membros de uma equipa estão a enfrentar conflitos, ajudem-nos aresolver os seus conflitos. Ou, se sentirem que não é seguro cometerem errosuns perante os outros, aprendam a construir segurança.  Ou ainda, se verifica que as pessoas da suaequipa não são responsáveis, ajude-as a confiarem umas nas outras e a ganharemsentido de responsabilidade.

Se trabalha com equipas, sabe como estas práticas são difíceis de implementar.  E se são tão difíceis, por que é que abordar diretamente as dinâmicas de equipa não funciona?  E se houvesse uma característica, uma condição fundamental da equipa – mais do que uma, até – que pudesse ser alterada e que, por sua vez, permitisse à equipa resolver os seus conflitos, construir segurança e envolver-se em esforços de apoio, entreajuda e corresponsabilização ao longo do tempo?

Estou a falar de uma forma de pensar diferente das checklists e das correlações simples que inundam este campo. 

 

Quais são as condições que, uma vez postas em prática, ajudam a construir uma verdadeira equipa capaz de desenvolver grandes práticas e evoluir para uma super equipa? 

 

A ciência das equipas como sistemas complexos – de condições e formas de pensar – possui um enorme poder para orientar as nossas práticas no sentido de obtermos um impacto real.

Permitam-me partilhar um exemplo, que é a conversa mais comum que tenho tido com profissionais de equipas que começam a praticar estas condições para pensar e desenvolver equipas extraordinárias.  Muitos profissionais têm passado anos a fazer dos conflitos da equipa o seu principal foco de atenção e intervenção na tentativa de ajudar as equipas. E muitos manifestaram a sua frustração pela frequência com que veem as equipas, após um processo muito cuidadoso de consulta e diálogo, regressarem a padrões de conflito entrincheirados.  Quando, em vez disso, perguntam “Quais foram as condições que criaram o conflito?” e “Será que essas condições podem ser alteradas?”, depressa verificam que as equipas sem um objetivo comum, executam tarefas que são puramente individuais na sua conceção, não possuem normas de conduta acordadas e são recompensadas de acordo com a performance de cada indivíduo, uma receita poderosa para a geração de conflitos.

Se, tal como a ciência nos mostra – nos concentramos antes na articulação de objetivos comuns, na conceção de tarefas de equipa interdependentes, na elaboração de normas construtivas, na recompensa e no reconhecimento da excelência da equipa como um todo, então os conflitos tornam-se mais raros, mais fáceis de gerir e, na verdade, passam a ser possíveis de controlar dentro da própria equipa, através de competências de autocontrolo.

Deixo o convite para que reflitam sobre uma equipa que conhecem bem e que pode ser genuinamente designada de super equipa.  Quais foram as condições que contribuíram para que essa equipa se tornasse extraordinária?  Como podem ser criadas essas condições para as equipas que atravessam dificuldades?

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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