As Competências Nucleares da ICF: Comunicação Direta (2/2)

Paulo MartinsCoach PCC ICF, Formador, Consultor

As Competências Nucleares da ICF: Comunicação Direta

Neste texto dou continuidade ao tema da competência Comunicação Direta, definida pela International Coaching Federation, como “capacidade de comunicar eficazmente durante as sessões de coaching, bem como de utilizar a linguagem que tiver o maior impacto positivo no cliente”.

 

Distinção entre o coaching e o mentoring

Como já referi anteriormente, uma das mais importantes distinções entre o coaching e o mentoring é precisamente a passagem de conhecimento e experiência do coach/mentor para o coachee/mentee e que, supostamente, no caso do coaching, parece que deverá ser inexistente ou residual.

Retomemos o conceito de “observador”, já aqui abordado anteriormente. Um coach ICF, pelo menos no tempo que estiver em “sessão”, deverá operar num modo que distingue o observador da coisa observada e até do próprio método de observação. Quando um coach fala do que lhe corre em pensamento, não fala desde a “verdade”, fala desde “uma perspetiva”, sobre a realidade que observa. O que autoriza o coach a falar, abandonando a escuta (quando escutamos movemo-nos no mundo do outro, quando falamos convidamos o outro a mover-se no nosso mundo, recordo), é a possível utilidade que as suas observações podem trazer para o cliente, quando partilhadas.

 

Em mentoring (tomando algumas liberdades interpretativas sobre o que escreve Philippe Rosinsky), espera-se que o mentor partilhe o seu conhecimento e experiência acerca do seu modo particular de intervir, face ao contexto ou situação abordada, no pressuposto que esses modos de intervenção sejam passíveis de serem implementados, com maior ou menor adaptação pessoal, pelo mentee. Em coaching, o coach partilha a sua “observação”, sem qualquer apego, isto é, sem atribuir qualquer importância à possibilidade de estar ou não certa (paradigma da “verdade”, explorado no artigo “Estabelecer confiança e intimidade com o cliente”) e sem qualquer expectativa da futura avaliação do cliente acerca da sua efetiva utilidade. O coach deve partilhar, apenas, informação que pode ter utilidade (que sirva a aprendizagem do cliente e o seu avanço, face aos objetivos que definiu) para o seu coachee, independentemente da avaliação de utilidade ou verdade efetivamente atribuída, à posteriori, pelo coachee.

 

Surge-lhe alguma pergunta com potencial para desafiar as nossas atuais interpretações sobre esta competência?

 

Escrito por

Paulo Martins

Licenciou-se em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho e especializou-se nas áreas de Executive Coaching, Formação em Liderança e Desenvolvimento de Equipas de Trabalho, predominantemente em ambientes corporate, internacionais e multiculturais.Com 50 anos e mais de 20 de carreira, adquiriu experiência de intervenção numa grande diversidade de setores de atividade sobretudo, através de projetos globais, transversais e de longo-prazo. Tendo como missão servir a expressão da grandiosidade dos outros, é muito orientado para a ação e para resultados e gosta de dar a prioridade aos aspectos práticos da vida.Professional Certified Coach (PCC) pela International Coach Federation (ICF), detém diversas certificações internacionais como Mentor Coach, SUN Associate Coach Trainer, Life Purpose, Coaching Intercultural (COF), Experiential Learning Metodologies, Drive Trainer e Situational Leadership Trainer e conta, neste momento, com mais de 10.000 horas de intervenção, realizadas nas suas áreas de especialização.Procurando a prática de uma visão global e unificadora do Ser, as suas orientações metodológicas assentam nas linhas do Coaching Ontológico e nas competências centrais da ICF. Integra equipas de trainers, supervisores e mentores de programas de formação de coaches profissionais, reconhecidos pela ICF com as distinções ACTP , ACSTH e CCE.
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